quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

O soar dos tempos

Qual a melhor citação para o momento? Vivo um sublime encanto cintilante e abrasador... Sozinha.
Meu Anjo Triste, ele não conta.
Queria poder acordar amanhã logo e já ser um Novo Ano, repleto de novas emoções. Sou geminiana, eu enjôo e anseio na falta de novidade. Chega de falar de mim.

Chocolat – Chocolate (Kaya single)
[Refrão]
Derreta o meu coração
Os espinhos no meu coração começaram a sumir
Abrace-me forte
À medida que eles derretam docemente.

Em noites sem dormir
Um sonho sem fim e um vinho doce
Minhas cicatrizes estão começado a desaparecerem
Levantarei o meu copo de um passado amargo e brindarei o adeus.

Amaldiçoei as noites passadas
Até achar [o lugar onde eu pertenço]
[Refrão]
Derreta o meu coração
Os espinhos no meu coração começaram a sumir
Abrace-me forte
À medida que eles derretam docemente.
Derreta seu coração
Deixe que eles zombam, não me importo.
Então o que você queira fazer, por favor
Não solte minha mão.
A ilusão de que estou repetindo
É como se fosse uma marca minha
E tudo que você sempre quis ouvir
Foi uma única frase [Preciso de você]
Vamos viver para sempre a intoxicação
De um amor como o doce aroma de chocolate.



Vamos viver para sempre a intoxicação
De um amor como o doce aroma de chocolate.

Vamos viver para sempre a intoxicação
De um amor como o doce aroma de chocolate.

Vamos viver para sempre a intoxicação
De um amor como o doce aroma de chocolate.

Chocolat

Me leva, loucura, mundo, sanidade, paixão, emoção....

terça-feira, 11 de agosto de 2009

O dia mais triste

O dia em que uma rosa imortal morreu...Uma flor de vida curta, mas que brilhou e vai brilhar para sempre no meu coração e de todos que o conheciam....Minha dor não pode ser explicada em palavras nem minhas lágrimas traduzidas....Jasmine You, volte para nós.......
Kageyama Yuuichi, Jasmine You, baixista do Versailles morreu no dia 9 de agosto de 2009. Levou com ele parte de mim....

Naquele dia eu sonhei com você acenando

Mesmo agora eu não posso alcançar aqueles braços

Você foi embora desaparecendo no céu infinito

Deixando para trás um arco-íris

É dolorido pensar no

Dia que você estava aqui

~Versailles - After Cloudia ~ Jasmine You forever.


sábado, 9 de maio de 2009

Espalhar o Romance pelo Mundo



Vamos falar de Romance.
Hoje estou a fim de falar de Fruits Basket.



Fruits Basket (フルーツバスケット, Furūtsu Basuketto, "Cesto de Frutas") que também é chamado de Furuba é um mangá e posteriormente foi adaptado para anime com 26 episódios. A série possui personagens carismáticos e ao mesmo tempo problemáticos e complexos. As pessoas têm a mania de marcar esse como uma comédia leve e simples. Mas não é. É triste e romântico, sentimental, tocante.Esse personagem da ilustração é o Ayame Sohma, ele abraçando a Mine foi uma das cenas dos últimos capítulos de que mais gostei – mesmo que ela seja um de meus personagens favoritos da série...- Ele é carismático e vive querendo “espalhar o romance pelo mundo” com suas criações de estilista.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

O sonhador morre III - fim

Como eu disse, esses são divididos em 3, mas eventualmente podem ser lidos separadamente.

O sonhador morre

Join me in death (HIM)

Este mundo é um lugar cruel
E nós estamos aqui apenas para perder
Então antes qua a vida nos separe
Deixe que a morte me abençoe com você
Você morreria esta noite por amor?
Baby, junte-se a mim na morte




Dreamer acabou vendo e presenciando muita coisa entre seus dias e aquela Taverna gravitacional. E dentre todas as pessoas e histórias que marcavam aquelas paredes de velhos e gastos tijolos, ele se sentia como o único que enxergava aquilo tudo. Todos pareciam tão cegos, tão robotizados com tudo ao seu redor, que ele gritava por dentro. Gritava ainda mais por, sozinho não poder fazer nada por ninguém. Nem mesmo pôde fazer pela Dançarina sinuosa que amou silenciosa e solitariamente... Aos poucos foi tomado por uma desesperança tão grande e irrefutável que matava todos seus sonhos e vontade de continuar vivendo naquele mundo cego e que sugava a vida...
Era tão decadente que parecia estar exatamente onde devia estar. Num quarto nas alturas, esquecido pelo mundo. Pichado e depredado, arquitetura urbana distorcida, como a alma que dali olhava, de uma janela quadrada de vidro quebrado pela qual olhava a noite e as estrelas, beleza cruel, inalcançável. Lá de cima, da janela, ele respirava aquele odor frio da noite e olhava o movimento abaixo e ao redor... Nada mudaria. Nunca mudaria. Ele ia morrer e as coisas ainda não fariam sentido algum...Tremia, agonizava por dentro. Seu rosto era molhado por lágrimas e de seu pulmão libertou um grito desesperado pela janela. Uma voz que se perdia no ar daquele lugar doentio. Tão doentio quanto quem o gritava loucamente, condenado.
Para o mundo,há muito tempo, Dreamer já estava morto. Não havia mais ninguém para chorar ou procurar por ele.
Jamais deixou aquele quarto. Permaneceu ali curtindo com sua decadência, falência de alma e decepções. E provavelmente foi lá, daquele jeito, definhando aos poucos, que morreu. Invisível como todos nós.

Dos contos da Perdição. Em 14 de abril de 2009

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Dançarina II

Parte 2 do anterior. Como eu disse, esses são divididos em 3, mas eventualmente podem ser lidos separadamente.


– Dançarina -

Xandria – Dancer

“Ela está dançando como o vento
Quase dançando tudo
Todo momento de vida
Ela está me levando com ela
Com a música no coração dela
Fascinação é seu nome
Ela está quebrando todo gelo em mim...”

Dreamer não era nenhuma justiceiro, ele nunca tinha matado por esses motivos, mortes e sombras acompanham ele desde que se entende por gente, então ele passou a compreendê-la muito bem, era como se sua carne fosse feita de sentimentos extremos. Ele não se destacava em nada na sociedade, não era casado, não faz faculdade, não tinha um emprego fixo, tudo o que possuía eram contatos que nem ao menos sabiam seu nome ou seu rosto, Dreamer era um mistério para ele mesmo, ainda procurava uma razão para viver. De volta ao bar, não que gostasse desse tipo de lugar, apenas passou por lá algumas vezes quando resolvia alguns assuntos, sabia o momento certo para os tipos de roupas, e continuar com um sobretudo escuro acabaria por chamar a atenção para si ao invés de repelí-la. A calça jeans era larga, parecia alguns números maior que seu manequim, a blusa branca parecia um tanto amarrotada dando um ar bem magro ao rapaz, o casaco de moleton ainda mantinha o capuz sobre seu rosto sombreando-o junto aos possíveis cabelos negros brilhosos que escapavam em fios que variavam do longo ao curto.
Pessoas estranhas e excêntricas frequentavam àquele pátio de aberrações, conspirações, corrupções, prostituição, tudo acontecendo ao mesmo tempo nas mesas redondas do lugar, a música lamentava ao fundo e o balcão sempre lotado parecia sempre guardar lugar para mais um. Dreamer caminhou olhando para o próprio tênis de cardaço desamarrado, sua língua correndo lenta ao redor do pirulito dentro de sua boca, seus lábios comprimidos ao redor do cabinho e o gosto de morango sintético o acalmava. Logo uma parede o fez parar e encarar por alguns segundos... Mais ao fundo havia um lugar mais reservado, onde prováveis casais iam, ou negociações mais sérias eram realizadas. Dispostos como se fosse uma sala, estavam um sofá e algumas poltronas de couro ao redor duma mesinha baixa de centro que por sua vez ficava ante a uma lareira que parecia estar sempre queimando em brasas e chamas dançantes que lambiam a lenha e dançavam com as sombras nas paredes... Dançar? Um ruído abafado, forte e constante atraiu-se para os ouvidos sempre atentos de Dreamer. Uma porta negra anti-ruído levava para o outro ambiente famoso da Perdition, a balada.
Precisava apagar aquelas imagens ou qualquer sinal de arrependimento que o invadisse, nada melhor que aquele som barulhento e aquelas pessoas pegajosas a dançarem alucinadas... Precipitou-se pela porta, que para ele particularmente teve cara de porta do inferno.
Abanou as mãos na frente do rosto abrindo caminho na fumaça colorida e quente do lugar de paredes escuras, era uma grande boate. Fervia de pessoas dançando, o som eletrônico era envolvente, as batidas pareciam vir do interior de seu corpo, Dreamer não gostava quando esbarrava em alguém, foi ziguezagueando entre as pessoas, como se tivesse sendo puxado pela gravidade, uma atração invisível que o levava ao centro, onde as luzes coloridas, os holofotes, onde a atenção era maior e mais incisiva... As pessoas lhe pareciam muito iguais, mas não podia parar aquela atração e só entendeu quando a avistou...
Lembrou-lhe uma bela bailarina dançando com o vento pelos movimentos que seus longos e ondulados cabelos dourados faziam...Ela dançava, sinuosa, malemolente, David Bowie feito o herói andrógino sideral dos anos 70: Ziggy Stardust, no tórax da blusinha negra, em cristal swarovsky negro furta-cor parecia sorrir aos outros, convidando-os. Mero disfarce da garota, modo de esconder a tristeza.Dançava em torno de seus inúmeros pares, feito uma odalisca, os braços e quadris cortejando os corpos encantados a sua volta. Não poderia ter mais que dezesseis anos, era muito novinha, como deixavam entrar? Usava uma espécie de saia longa de tecido levíssimo, feito à mão, com linhas de seda prateada, em vários tons, formando um intrincado crochê, bordado ainda com perolazinhas rosadas muito ricas. Havia um forro muito fino, transparente, em outro tom mais claro de prata. Foi como se tudo estivesse acelerado e apenas Dreamer paralisado olhando-a em efeito câmera lenta. Quem era? Qual sua história? Teve a impressão que já a conhecia de algum lugar, talvez em seus sonhos... De repente teve uma súbita paixão pelo mundo, um vontade inexplicável de viver que não existia dentro do rapaz sombrio...
Ela se destacava como uma figurinha colorida em um monte branco e preta, ela demonstrava uma aura de glamour única, cores e vibrações que Dreamer achava não existiam mais naquele mundo, um brilho ofuscante longe, bem longe dele, como se fosse outro nível, algo superior... Porque mesmo ao longe, emoldurados por longos e curvos cílios louros estavam os olhos mais expressivos e profundos cor de mel que já vira, e lá tinha uma imensidão de tristeza, e mesmo assim ela cintilava daquele jeito sobre plataformas e saltos incríveis, majestosa como uma rainha.
As pessoas batiam em seu ombro, o empurravam, esbarravam, estavam dançando, e Dreamer continuava ali parado observando... Em alguns minutos de transe ele pôde entender, ele conhecia sim aquela figura, não só de seus sonhos, mas porque era famosa em um certo ramo...
Fascinação era seu nome. Não! Ariel, esse era seu nome, sua perfeita androginia o êxtasiou por um tempo, mas a ausência de importantes curvas, apesar da fina cintura e dos ombros esguios, o fez reconhecer que na verdade, ela era ele, Ariel era um perfeito andrógino de beleza estonteantemente natural e feminina que dançava em boates, esse era seu trabalho. Uma dragqueen prostituta.
Não, falar que Ariel era uma prostituta seria dar informação equivocada, ele dançava, fazia striper, e pequenos trabalhos, deixava que o tocassem e dependendo do cliente, até sexo oral. Mas o mocinho era muito careiro em seus trabalhos, era de luxo, assim falavam e assim Dreamer sabia.
Ficou muito tempo parado no meio da pista, o pirulito em sua boca já havia acabado, só sobrera o cabinho sendo mordido no canto da boca, os olhos por trás da sombra ainda não haviam conseguido desprender-se da figura loira. Dreamer não é do tipo que se atrai pelo mesmo sexo ou que admira tais atitudes, para ele o mundo já era podre demais e cheio de bizarrices infundadas que o tornavam ainda mais sujo, mas Ariel brilhava! De uma maneira diferente... O que será que havia por trás daquele sorriso vindo de lábios tão rubros e macios? Um pena que Dreamer jamais saberia toda a verdade magnífica.
Por várias noites Dreamer voltou a Perdition para ficar parado olhando para Ariel, assisti-o em seu trabalho, em suas conquistas e seduções, em sua dança que funcionava como anfetamina viciando a todos que ali botavam seus olhos, e assim Dreamer se viu, viciado.
Mesmo a promiscuidade, as roupas sensuais, e toda condição herege de Ariel não podiam tirar dele sua meninice, seu ar inocente, seu brilho por mais que no fundo de seus olhos parecesse gritar e seu rosto forçado a sorrir quisesse chorar... Numa dessas noites, Dreamer encontrou Ariel ao balcão da Perdition, seu rosto levemente corado de tanto dançar, a respiração ofegante em baixo de sua roupa espalhafatosa, os cabelos louros e cheios sendo ajeitados pelas pequenas mãos enquanto o barman colocava um grande copo cheio de um líquido cor-de-rosa cremoso, milkshake de morango. Ariel olhou e sorriu para o rapaz de calça jean batida e moletom branco com o capuz espremendo os cabelos escuros de Dreamer. O sorriso que o rasgou em pedaços.
__ Está sozinho? Deve estar, sempre o vejo por aqui sozinho. Não tem um desses pra mim? – A voz do menino ainda carregava o tom infantil de quem não se desenvolveu por completo, quando apontou o pirulito novo que jazia nos dedos de Dreamer, o rapaz pôde ver marcas e cicatrizes em seu pulso e braço.
__Desculpe, só tenho esse. – Dreamer o respondeu, mostrando frieza e indiferença, desviando daqueles grandes olhos amendoados. Ariel arqueou uma sobrancelha e curvou-se sobre o copo sugando barulhento o milkshake pelo canudinho, e lambendo os lábios voltou-se para Dreamer.
__ Ah, que pena. Sabe o que é? Eu podia jurar que você ficava me olhando, certeza de que não quer nada?
__ Ariel, minha vida é um problema, eu não quero o que está pensando, não sou como os seus clientes, não espero nada de você. – Dreamer mantinha a frieza para o menino, queria deixar claro que não aprovava apesar de não cultivar nenhum preconceito com nada. Pois como dizia Oscar Wilde : “Se nem a natureza, com sua gigantesca importância, de que todos sabem, faz distinção entre as pessoas, quem somos nós, meros mortais, para fazê-la?”.
__ Que triste é você, nunca ouviu falar de que a vida é um mistério a ser vivido e não um problema a ser resolvido? Olha, e você sabe quem eu sou! Se você não me bater por eu dizer isso...Bem, eu vou dizer da mesma forma: tenho pena de você, é um mártir. – Ariel disse isso o encarando mesmo que não pudesse enxergar os olhos do rapaz, Dreamer quase teve certeza de que Ariel o enxergava. – Percebi seus olhares, você tem medo do que? Talvez pense tanto no amanhã, que esquece que o mais importante é o presente... Bom, foi legal falar com você, vou trabalhar!
Um homem maduro que às vezes brinca no balanço, uma criança insegura que às vezes anda de salto alto, esse era Ariel pela visão de Dreamer. Ariel impressionou Dreamer, e o rapaz continuou vindo ao bar apenas para observar de longe o jovem travesti dançarino.
Dias, semanas e Dreamer continuava a ir a Perdition observar o jovem, ás vezes até trocavam algumas palavras, o que estranhamente deixava Dreamer animado. Uma criança, era só uma criança com traços de maldade e sofrimento. Dreamer reparou que ele tinha marcas de cicatrizes nos pulsos, como uma auto flagelação, marcas de agulhas no braço indicavam que se drogava, as vezes que via sangue escorrer do nariz do jovem... E mesmo assim ele se destacava com aquela grande vontade de viver. “ As pessoas só conseguem manter a esperança porque seus olhos são incapazes de enxergar a morte.” Concluiu Dreamer.
Mas em todo Epitáfio alguém deve morrer. E esse não vai ser diferente, nada impede a injustiça do mundo.
Lá estava ele, a dançar feito uma bailarina de caixinhas de música, em seu tom mágico e brilhante, e lá estava Dreamer o observando de longe, como um outro dia qualquer.
Ariel parecia negociar seus serviços com um homem grande e corpulento, parecia ter metade do rosto deformado por algum queimadura terrível, e suas roupas não pareciam adequadas para o lugar, Dreamer dobrou sua atenção ali, o cara não só não merecia Ariel como no mínimo morria de inveja de sua beleza e jovialidade. Ariel dançava na frente daquele brutamontes, sorrindo com seu jeito simpático e cativante, ele negou a oferta do grandalhão, e este tornou a insistir. Não, cara, Ariel não faz esse tipo de trabalho! Dreamer pareceu um gato arisco e encoberto andando e desviando das pessoas que dançavam para alcançar uma visão mais perto deles e poder ouví-los melhor.
__Não, moço, eu não faço essas coisas, se quiser, deixo que me toque, ou posso fazer algo para o senhor, mas nada além disso, tá? E custa cem dólares.
__Então a putinha é de luxo? Acha mesmo que eu não posso pagar o suficiente, sua dragqueen suja?
__Não é isso, me desculpe. – Ariel dava as costas a esse para dançar com outros, ele gostava de dançar, e às vezes preferia dançar a noite inteira sem ninguém, dançaria tudo e tanto! Faria seus cabelos dourados virarem luz!E se não se sentisse bem, era só voltar para casa... E deveria ter voltado aquela hora.
O homem era muito mais alto e forte que Ariel, Ariel era pequeno e esguio em sua silhueta andrógina e infantil, era como se exalasse cheiro de frutas doces e frescas...Ou assim parecia a Dreamer. A manzorra do homem puxa Ariel pelo ombro com tanta força que o menino cai no chão sob risadas de uns e outros que dançavam ao redor quase pisaram nele se não fosse o brutamontes que continuou no encalço do jovem. Agarrou-o pelo colarinho da blusa brilhante, arrebentando um bonito colar de pedrinhas ofuscantes, pedrinhas que voaram como se estivessem câmera lenta a frente da cena. O homem arrastaria Ariel para fora da pista, o menino se debatia, mas era inútil. Lágrimas escorreram daqueles bonitos olhos amendoados. Dreamer estava paralisado, olhando a cena de perto, outras pessoas fingiam nem ver.
__Moço, moço oriental, eu sei que gosta de mim, me ajude! Por favor, me ajude! – Ariel berrou para Dreamer que se encolheu surpreso com a visão do menino sobre si. Dreamer não fez nada. E Ariel em prantos lhe deixou um sorriso antes de desaparecer levado pelo homem, um sorriso de perdão. Um sorriso que rasgou Dreamer em pedaços.
Nem é preciso dizer que Ariel nunca mais foi visto na Perdition, e que naquela noite como outra qualquer, sob o mesmo céu de sempre, Ariel fora engolido em sua vez de ser ceifado. Dreamer continuou a ir na esperança de ver o brilho de seus cabelos, seu sorriso sincero, seu perfume extasiante... E quando entendeu que nunca mais veria o mundo em cores, ele chorou. Chorou com seus olhos de oriental que só Ariel tinha visto, chorou como nunca chorara antes. Ele amou Ariel e nunca disse isso a ele, amou sim, e Ariel precisava disso, somento disso, de alguém que o amasse, e morreu sem saber que conseguiu que alguém chorasse por ele. “Todo o tempo tenho vindo aqui, mas agora ele se foi. É tempo de não ter medo da morte.Vamos querido, não tenha medo da morte...Espero que não tenha tido medo.Querido, segure minha mão.Não tenha medo da morte. Nós seremos capazes de voar.Querido, eu sou seu homem...” Se pelo menos tivesse conseguido falar para ele...

Quem era Ariel? Como ele chegou na Perdition? Como ele foi morto? Eu vou contar para vocês, só para vocês, porque o pobre Dreamer jamais soube, e se soubesse, talvez conseguisse ter força suficiente para se mexer e salvar o menino.
Como o mundo pode continuar?

sábado, 7 de fevereiro de 2009

O bom com face de Mau - I

Essa série é dividida em três partes, que, eventualmente, podem ser lidas separadamente.
Dos contos da Perdição:
O bom com face de mau


Sou um anjo com cara de demônio

Sou o bom com face de mau

Sou um anjo em corpo humano

Mente e alma presos neste coro tão profano

Sou um anjo da noite como vários que aqui estão

Sou um que nunca aprendeu a amar e só sofreu por desilusão

Sou um anjo assustado que me abrigo na escuridão

A escuridão é minha casa, a noite é meu mundo

Um mundo de angústia e desilusão

Um mundo que achei que era perfeito, mas que destruiu meu coração...”



Eis que as cortinas se abrem, e a primeira protagonista a invadir esta realidade deturpada de um lugar precário assombrado por tantos sofrimentos guardados é mais alguém que vai infectar a atmosfera da Perdition, pobre criança, se soubesse talvez nem tivesse pisado lá dentro, não teria subido naquele palco de aberrações laçada pelas teias macabras do lugar... O sofrimento, a injustiça, são esses tipos sentimentos que faz com que a Perdition atraia as pessoas certas para tecer sua história como num jogo de estratégia.

O que? Uma criança e um bar adulto não combinam? E daí? O sofrimento não escolhe idade, sexo, condição social, raça, nada.

A pequena mulatinha demorou em conseguir empurrar aquela grande porta, seus braços magros quase não agüentaram, mas ela precisava pedir pelo menos um copo de água, há duas noites que ronda procurando por um lugar abrigado, há duas noites que sua vida havia sido condenada. O som da antiga jukebox soava espectral para a menina, acima das vozes e murmúrios, acima do titilar de copos e arrastar de cadeiras, mesmo que o som estivesse baixo naquela parte do bar, a atenção da menina que sequer atingiu a puberdade foi para a música, ouvindo-a como se fosse a coisa mais bela que já ouvira e a fazia suspirar mesmo que o ar que se passava no momento estivesse impregnado dos charutos de um grupos de homens reunidos ali perto em uma das mesas do lugar.

Seu estômago se contraía dolorosamente, a fazia andar um tanto encolhida, os grossos cabelos negros estavam desgrenhados e seus olhos escuros cheios de olheiras carregavam um tom doentio, ela caminhou discretamente, ninguém lhe dava atenção, ela não se importava, só torcia para conseguir ser vista pelo barman e a este dar pena a ponto de conseguir algo.

Frente ao balcão, na ponta dos pés sujos e descalços ele tentava ser vista, mas o balcão era alto, e daria trabalho subir naqueles bancos redondos e giratórios, já estava desistindo quando uma mão lhe estende um copo cheio de leite. Sem pensar e sem olhar para o doador, na fome infantil ela agarra o copo grande com as duas mãos afundando-se nele em goles famintos que lhe manchavam o buço de branco.

O leite que Dreamer deu à criança estava gelado, mas a menina bebia como se estivesse delicioso, a silhueta alta do homem deixava a garota dentro das sombras. Dreamer estava lá no dia, infelizmente ele teve que estar lá. Era duro saber que nas periferias das cidades ainda existem famílias inteiras que se formam sem registro algum e quando morrem, morrem como se nunca tivessem nascido... Há dois dias atrás, dois indigentes foram enterrados sem lápide, sem nada, como animais, num dia chuvoso de maneira que fazia parecer que os céus protestavam, mas cegos e surdos, ninguém nunca ouvia... Dreamer ouvia...

Suas roupas sempre negras, o andar pelos cantos sempre deram a Dreamer a discrição que precisava para assistir as coisas que faziam o mundo gritar. Foram os pais daquela garota que foram enterrados lá. E esses dois dias foram os dias que a menina demorou em conseguir entender que eles não sairiam mais da terra, mesmo sempre dizendo que nunca a deixariam, que a amavam... Agora ouvia outros dizendo que eles haviam sido levados para o céu, mas por que diabos foram para o céu e ela não pôde ir? Ela ficou dois dias lá esperando, debaixo de chuva e vento de outono, já apresentava sintomas fortes de desnutrição e pneumonia, suas lágrimas secaram. Até que as necessidades vitais a fizeram levantar e procurar abrigo, e assim entrou na Perdition.

Os olhos escondidos por trás do capuz do sobretudo de Dreamer julgavam o futuro da garotinha : roubando pra comer, passando de reformatório em reformatório, voltando às ruas e se tornando uma prostituta para continuar viver, e assim seria vida dela, até pegar uma doença sexualmente transmitida ou tendo alguma overdose, ou mesmo, quem sabe, cometendo suicídio...

Nessa história a Taverna só serviu de ponto de encontro, de cenário crucial... Não foi difícil para Dreamer convencer a garota que com ele havia mais copos de leite e que podia levá-la até os papais dela, e também foi fácil passar com garota por uma saída dos fundos sem que fossem notados.

A pequena entrou sem ser reparada, e saiu da mesma forma.

Era para o estacionamento dos fundos que aquela porta levava, o chão era de terra, havia muitos poucos carros lá, o terreno era fechado por arame farpado, e de grande extensão. O terreno disforme não marcava os passos, uma parede fria em que ele se encostou sob uma sombra, agachado a altura da menina que curiosamente tentava lhe enxergar o rosto por dentro do capuz escuro, ainda com o buço branco de leite, Dreamer a abraçou, seus braços grandes perto da garota envolveram a nuca e cabeça... Lágrimas brotaram por detrás do capuz, e então com um movimento rápido, sem grito, sem lástima, sem piedade, o pescoço da garota é quebrado como de fosse um graveto e ela morre em seus braços, desfalecendo como uma boneca quebrada e sem vida. A promessa foi cumprida.

Dreamer seria um anjo que a salvou de um trágico destino, ou um sádico demônio se alimentando das dores dos outros e roubando mais uma vida inocente? Só se sabe que ele ouviu o grito de seu coração, e a sua morte ele chorou.

Como o mundo pode continuar?

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Tarde demais

Tenho uma série de contos que nunca os tornei públicos... Alguns bem antigos e divididos em partes. Esse é curtinho e em um único pedaço, lá vai:


Tarde Demais

Descia a rua numa noite fria e calma, deserta já era mais de duas da madrugada. Tremendo de frio passo em frente de sua casa, como se um espírito corresse em direção a sua morada, sinto um arrepio seguido de um grito abafado como se estivesse com a boca tampada, olho em direção a janela que você sempre fica e a luz oscila, corro a outra janela desesperado sinto que é você. A vejo, a beleza em forma física pendurada a sessenta centímetros do chão por um cordão de nylon. Minha respiração da uma pausa seguida de uma grade aceleração, não consigo parar de olhar, sua pele já está roxa seu pescoço sangrava, entro pela janela mesmo fico todo ensangüentado, subo no banco ao seu lado tirei-a da suspensão e a gora a possuo em meus braços. Escuto a sua respiração voltando e de seus olhos surgiram lagrimas e de sua boca, sangue. Então ela disse com a voz rouca e baixa quase sem fôlego:

-Por que demorou tanto, anjo. Pensei que estava só.Agora é tarde. Do que adianta meu amor? Diga-me anjo sempre te quis, por que agora vem me salvar?Agora é tarde, agora é tarde...

Eu a calei com um beijo com o sabor doce do sangue, podia sentir a batida de seu coração em sua língua, era calmo e lento. Tirei a linha de seu pescoço levei-a até o chão e a coloquei deitada, com meus lábios presos ao dela, retirei quando senti o fim de seu fôlego, já havia lágrimas em meus olhos quando ela colocou a mão gelada em meu rosto com toque delicado retirando as minhas lágrimas e continuou a dizer:

-Também me ama, anjo. Como eu te desejei. Mais agora é tarde

-Não diga isso. Nosso amor será eterno. Você não pode morrer, não agora...

-Já estou morta, anjo. Não sinto mais dor. Só a dor de te perder.Só sinto seu calor, anjo. Não pode mais me salvar.Aqueça-me, anjo, com sua carne e toque;

Daí encostei meu rosto em seus cabelos virei o seu rosto e a beijei até não escutar mais sua respiração. E quando não a escutei mais, os seus cabelos tomados pelo seu sangue se misturaram às minhas lágrimas e minha mente não podia acreditar no seu fim. Fiquei ali, tocando o seu rosto até não agüentar e dormir ao seu lado...


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Interpretando Traumas parte II

Devo confessar aqui que eu perdi os primeiros parágrafos desses meus textos, mas vou tentar recaptular para que possa publicar essa minha brincadeira de análise com historinha.

Num caso de um seqüestro. Ok, vamos resumir a historinha. Stephan, 16 anos, é um menino de família rica, tendências homossexuais, excentrismos, problemas com a família por isso. Desenvolveu vícios de drogas e outros problemas. Afonso o seqüestra num bar e o leva para um quarto onde o mantém preso por muito tempo. O cativo tenta distanciar-se emocionalmente da situação por meio da negação do que de fato está acontecendo. Ele fantasia que “é tudo um sonho”, ou perde-se em excessivos períodos de sono, ou em desilusões de ser magicamente libertado.

Ele pode tentar esquecer a situação dedicando-se a tarefas inúteis, com que “preenchem o tempo”. Então, observa-se que o raptor (Afonso) também é influenciado pela interação das personalidades. Ele dificilmente é capaz de conservar sua crueldade o tempo todo caso mantenham contato com os cativos, e passam a ponderar que seu cativos também é um ser humano com problemas e aspirações. E por isso podem tentar isolar-se de seu cativo. O que consequentemente aconteceu quando Afonso se viu na situação delicada de Stephan quase morrer adoecido por conta de seus “cuidados” e falou para o cativo que ele estava liberto.

Tod ser humano nessas condições de cativeiro, experimenta uma “regressão a estados infantis, todo ser humano, que dá o gancho que me permite dizer tratar-se de algo antropológico e não simplesmente psicológico – assim como impulso de matar, embora desencadeie-se por fatores de ordem psicológicas, não é possível explica-lo por razões puramente psicológicas. Ele estava mentalmente, fisicamente e espiritualmente afetado.

NOTA: Lipot Szondi, criador da Psicogenética, diz que o impulso de matar está na raiz da mesma constituição humana; e que a vida humana é um esforço contínuo para vencer tal impulso.

Depois de um tempo liberto, Stephan não suporta ficar lugares abertos e não suporta multidões. Sintomas de traumas
que provavelmente geraram uma Histeria de Angústia, que segundo os estudos de Freud, é um tipo de neurose cujo sintomas mais marcante são as fobias. Mas com todas essas bases, ainda podemos dizer que, tais sintomas não vieram apenas por causa do trauma do seqüestro. Eles de desenvolveram por dois fatores, esse que é o experimental atual e sua época infantil recalcada. A genética pode explicar muita coisa sobre sua homossexualidade, mas grandes fatores de desencadeamento podem ter vindo dessa época, a do Complexo de Édipo. Para descobrir isso é necessário submeter o menino ao modo freudiano psicoterápico, que é o método catártico, onde o rapaz seria hipnotizado para ampliar sua consciência, e o fazer retroceder até a época em que o sintoma surgiu pela primeira vez.

A interpretação de sinais expostos em sonhos também poderia ajudar a diagnosticar as possíveis causas.

Ele pode ter sofrido com a ausência dos pais, a mãe pode ter deixado de amamentar muito cedo, a presença do pai ser a mais presente, e por isso ter gerado fantasias édipicas pelo pai, que bem anteriormente pode ter abusado dele. Então, assim que se viu preso num quarto com um homem mais velho e dominador esses sintomas despertaram nele e o tornou maus suscetível a desenvolver a Síndrome de Estocolmo, que, por sua vez, atingiu-lhe despertando o medo por lugares abertos – que para ele pareceria pouco seguro – e de multidões – por constrangimento de seu visto e talvez não merecer isso -.

A cura seria infiltrar-se nas antigas memórias dele e trazer à tona as lembranças dele com o pai.

Para Sigmund, nada pode ser evitado, faça o que fizer, tudo vai dar errado mesmo, depois a gente resolve na sala de terapia!